Desde sempre que os incêndios florestais fizeram parte do quotidiano noticioso de Verão, em Portugal.
Ao longo de muitas décadas fomo-nos habituando, como portugueses, a ouvir notícias sobre florestas a arder, de paisagens naturais devastadas pelas chamas, de danos irreparáveis no ecossistema e até de bombeiros que deram as suas vidas no combate a este flagelo...
Até que no Verão passado, esse cenário quase rotineiro mudou para pior, visto aí se terem registado os piores incêndios de que há memória no país: ao mesmo tempo que ardiam milhares de hectares de mato, cuja reposição durará décadas, também foram destruídas muitas casas de habitação, colheitas agrícolas e gado. Foi igualmente registada a morte de vários civis.
Nada que não se tivesse verificado em anos anteriores, é um facto, mas com proporções tais que os incêndios do Verão de 2003 se tornaram uma catástrofe nacional. Todos nos lembramos da reserva ecológica da Tapada de Mafra reduzida a cinzas, dos Concelhos de Vila de Rei e de Mação com 80 a 90 por cento da sua superfície total literalmente queimada, entre muitos outros tristes exemplos...
Logo na altura se tentaram obter inúmeras justificações para a desgraça, tais como causas do foro natural, como as temperaturas atingirem valores superiores a 40 graus durante o Verão, trovoadas secas que provocaram os focos de incêndio; causas do ponto de vista material, tais como a falta de meios técnicos para um mais eficaz combate às chamas; causas do ponto de vista burocrático, tais como a falta coordenação entre organismos como os Bombeiros, a protecção civil, Câmaras Municipais e Governos Civis...
Lamentavelmente assistimos também a uma série de organismos a acusarem-se mutuamente pela tragédia sucedida.
Pessoalmente, creio que deveriam ser muito melhor investigadas as situações de fogo posto. Talvez essas investigações possam vir a ser esclarecedoras.
Os nossos políticos também se apressaram a fazer os seus debates acerca das causas de tamanha tragédia, considerando que era necessária uma melhor prevenção dos fogos e de meios mais eficazes para os combater, passando por uma restruturação da coordenação entre os diversos organismos envolvidos nesta complexa matéria.
Prometeram mais aviões assim como outros meios técnicos de auxilio ao combate ao fogo, prometeram a limpeza das matas, prometeram uma vigilância mais eficaz dos locais mais propensos a incêndios. Criou-se até um organismo de prevenção e combate aos fogos florestais cujas competências ainda nem sequer estão reguladas por lei!
Entretanto, chegou o Verão de 2004 e o que temos? Monchique, Arrábida, Peneda-Gerês (que dor no coração!), Almodóvar, Loulé, entre outros incêndios graves.
É de lembrar que em Julho deste ano, segundo dados da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), já arderam 32700 hectares, ainda não estando contabilizados muitos dos incêndios atrás referidos.
Posto isto, só posso chegar à triste conclusão que nada mudou em relação a 2003, isto é, que nada se fez para evitar que a tragédia se repetisse. Os meios de prevenção e de combate são praticamente os mesmos, assim como os governantes. As poucas medidas que se tomaram estão a ter um efeito quase nulo e a prova é que o pesadelo aí está de novo, na sua versão “2004”!
Temo que a procissão ainda vá no adro. Desejo estar enganado.
Dá a sensação que só quando não existir mais floresta para arder é que o país estará dotado dos meios de que necessita para acabar de vez com este flagelo de Verão, que ameaça reduzir a cinzas um património que é de todos, tendo por isso todos os cidadãos o dever de zelar pela sua conservação. Este texto é a minha pequena contribuição.
Ao longo de muitas décadas fomo-nos habituando, como portugueses, a ouvir notícias sobre florestas a arder, de paisagens naturais devastadas pelas chamas, de danos irreparáveis no ecossistema e até de bombeiros que deram as suas vidas no combate a este flagelo...
Até que no Verão passado, esse cenário quase rotineiro mudou para pior, visto aí se terem registado os piores incêndios de que há memória no país: ao mesmo tempo que ardiam milhares de hectares de mato, cuja reposição durará décadas, também foram destruídas muitas casas de habitação, colheitas agrícolas e gado. Foi igualmente registada a morte de vários civis.
Nada que não se tivesse verificado em anos anteriores, é um facto, mas com proporções tais que os incêndios do Verão de 2003 se tornaram uma catástrofe nacional. Todos nos lembramos da reserva ecológica da Tapada de Mafra reduzida a cinzas, dos Concelhos de Vila de Rei e de Mação com 80 a 90 por cento da sua superfície total literalmente queimada, entre muitos outros tristes exemplos...
Logo na altura se tentaram obter inúmeras justificações para a desgraça, tais como causas do foro natural, como as temperaturas atingirem valores superiores a 40 graus durante o Verão, trovoadas secas que provocaram os focos de incêndio; causas do ponto de vista material, tais como a falta de meios técnicos para um mais eficaz combate às chamas; causas do ponto de vista burocrático, tais como a falta coordenação entre organismos como os Bombeiros, a protecção civil, Câmaras Municipais e Governos Civis...
Lamentavelmente assistimos também a uma série de organismos a acusarem-se mutuamente pela tragédia sucedida.
Pessoalmente, creio que deveriam ser muito melhor investigadas as situações de fogo posto. Talvez essas investigações possam vir a ser esclarecedoras.
Os nossos políticos também se apressaram a fazer os seus debates acerca das causas de tamanha tragédia, considerando que era necessária uma melhor prevenção dos fogos e de meios mais eficazes para os combater, passando por uma restruturação da coordenação entre os diversos organismos envolvidos nesta complexa matéria.
Prometeram mais aviões assim como outros meios técnicos de auxilio ao combate ao fogo, prometeram a limpeza das matas, prometeram uma vigilância mais eficaz dos locais mais propensos a incêndios. Criou-se até um organismo de prevenção e combate aos fogos florestais cujas competências ainda nem sequer estão reguladas por lei!
Entretanto, chegou o Verão de 2004 e o que temos? Monchique, Arrábida, Peneda-Gerês (que dor no coração!), Almodóvar, Loulé, entre outros incêndios graves.
É de lembrar que em Julho deste ano, segundo dados da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), já arderam 32700 hectares, ainda não estando contabilizados muitos dos incêndios atrás referidos.
Posto isto, só posso chegar à triste conclusão que nada mudou em relação a 2003, isto é, que nada se fez para evitar que a tragédia se repetisse. Os meios de prevenção e de combate são praticamente os mesmos, assim como os governantes. As poucas medidas que se tomaram estão a ter um efeito quase nulo e a prova é que o pesadelo aí está de novo, na sua versão “2004”!
Temo que a procissão ainda vá no adro. Desejo estar enganado.
Dá a sensação que só quando não existir mais floresta para arder é que o país estará dotado dos meios de que necessita para acabar de vez com este flagelo de Verão, que ameaça reduzir a cinzas um património que é de todos, tendo por isso todos os cidadãos o dever de zelar pela sua conservação. Este texto é a minha pequena contribuição.