Falar de democracia é partir do pressuposto que os regimes ditos democráticos são os que melhor garantem a pluralidade de opinião, a multiplicidade de escolhas e de alternativas, a liberdade de expressão, bem como a garantia do acesso de todos aos mecanismos de participação na vida pública e aos processos de tomada de decisão, sendo que este é o regime político que melhor traduz a vontade das populações quanto ao rumo e decisões a tomar.
O conceito de democracia é indissociável ao conceito de cidadania e à participação activa e responsável na vida pública, visando o interesse comum.
Os regimes democráticos não são imutáveis nem possuem somente uma única forma de concretização e expressão, pois sofrem evoluções e mutações com vista à sua adaptação às exigências, necessidades e características, tanto das diversas épocas históricas, como dos inúmeros contextos culturais e sociais de cada comunidade política, possuindo a faculdade de se adaptar às diferentes realidades sem nunca perder as suas principais matrizes e valores.
Por outro lado, um regime não é verdadeiramente democrático se o for somente de um ponto de vista legal, sendo que o processo de democratização é algo que se constrói e aprofunda diariamente, podendo retroceder e até desaparecer caso não seja praticado de um modo constante e intenso.
Uma das suas características fundamentais, provavelmente a mais determinante que o distingue de qualquer outro tipo de regime político, traduz-se no facto de só este garantir ao cidadão uma diversidade de alternativas, podendo este participar, tanto na elaboração, como na escolha das diferentes opções, sendo que todos os temas devem forçosamente ser postos a discussão e ser sujeitos a uma escolha plural, sem que à partida as resoluções sejam apresentadas como uma fatalidade pelos respectivos responsáveis.
Numa época em que se fala de um modo cada vez mais veemente da morte das ideologias e em que o debate político se faz ao nível do supérfluo e não das questões essenciais, numa conjuntura de globalização e de mundialização nas mais diversas áreas, em que o crescimento do poder económico é incontrolável e devastador, com naturais consequências para a soberania dos Estados e onde os políticos tendem a apresentar soluções como factos consumados e inevitáveis, as democracias atravessam uma das suas mais graves crises.
Partindo do princípio de que nenhum ser humano é dono da verdade, é contraditório com o conceito de democracia, no seu sentido mais profundo, a apresentação, não isenta de arrogância, por parte dos responsáveis pelo poder, de pseudo soluções tidas como inevitáveis, revestidas de uma suposta fatalidade, tal como nos dias de hoje se verifica nas mais diversas áreas, nomeadamente em relação à economia, às finanças públicas e às funções sociais do Estado, tais como a saúde, a educação e a segurança social.
É imperioso lembrar que apaziguamento ideológico não implica necessariamente um uniformizar de opiniões nem de soluções, sendo que o próprio pragmatismo pode ser rico em alternativas de acção, não implicando, por isso, uma única solução ou alternativa para a resolução de determinada questão.
Tal como também é contraditório que, em matérias do foro transnacional, como o é a questão da Constituição Europeia, se afastem os cidadãos da discussão da mesma, querendo impô-la, sem debate nem referendo, como que uma inevitabilidade, aos diferentes povos da Europa, quando alguns deles já a rejeitaram inequivocamente, afastando-se assim a construção europeia dos povos europeus, que supostamente deveriam ser a finalidade última da mesma.
Além do mais, este fenómeno de empobrecimento democrático manifesta-se quando os próprios partidos políticos que se alternam no poder não mostram a vontade nem a capacidade para apresentar soluções alternativas ou para resolver os problemas de fundo, sendo que o seu modo de governar praticamente não difere do seu antecessor, criando no eleitorado um sentimento de impotência e de indiferença em relação às questões políticas e aos políticos, provocando um afastamento entre eleitores e eleitos que faz perigar o próprio regime.
Actualmente, o único fim dos partidos políticos é o de obter votos para ganhar as eleições, nem que para isso abdiquem da sua identidade, das suas ideias e opiniões, apostando em discursos supostamente consensuais para poder alargar a sua base eleitoral ao maior número possível de eleitores, em detrimento do enriquecimento do debate e da pluralidade de ideias.
Uma organização internacional como a União Europeia é também responsável pela imposição de políticas públicas estruturantes que em tudo contribuem para soluções tidas e explicadas como inevitáveis pelos responsáveis políticos dos respectivos estados-membros, sendo que não são raras as vezes que estes últimos apresentam a primeira como responsável pelas suas decisões.
A própria comunicação social contribui para este estado de coisas, dando aos políticos e aos diversos governos um suporte mediático e até académico para as suas supostas soluções consensuais, fatais e inevitáveis.
Verifica-se uma tendência de agravamento do actual estado de coisas, com as projectadas reformas do sistema eleitoral e consequente criação de círculos uninominais, que ao invés de aproximar eleitores de eleitos irão empobrecer ainda mais o debate de ideias e a construção de alternativas credíveis de governação, limitando o número de partidos com acesso ao parlamento, que ficará assim reduzido aos dois principais partidos que já se mostraram idênticos em todos os prismas e vertentes.
Poderão ser entendidas por democracias de sentido único aquelas cujas características e tendências coincidam com o que atrás foi descrito, o que é algo que se verifica não só em Portugal, como em toda a Europa.
É, por isso, neste momento natural que os cidadãos procurem alternativas de poder noutros partidos que não os do centro político tradicional, tendendo a votar em partidos contra o próprio sistema democrático e plural, tanto à extrema-esquerda, como à extrema-direita.
Nem uma, nem outra, podem ou devem ser a solução.
Que fique a advertência aos responsáveis de que se o actual estado de coisas se mantiver e aprofundar, os regimes democráticos estão em perigo, sendo urgente uma mudança de atitude para que os totalitarismos vividos no passado não se assumam de novo como indesejados protagonistas, nem como solução, aos olhos de um eleitorado com falta de escolhas, de alternativas e de soluções.
O conceito de democracia é indissociável ao conceito de cidadania e à participação activa e responsável na vida pública, visando o interesse comum.
Os regimes democráticos não são imutáveis nem possuem somente uma única forma de concretização e expressão, pois sofrem evoluções e mutações com vista à sua adaptação às exigências, necessidades e características, tanto das diversas épocas históricas, como dos inúmeros contextos culturais e sociais de cada comunidade política, possuindo a faculdade de se adaptar às diferentes realidades sem nunca perder as suas principais matrizes e valores.
Por outro lado, um regime não é verdadeiramente democrático se o for somente de um ponto de vista legal, sendo que o processo de democratização é algo que se constrói e aprofunda diariamente, podendo retroceder e até desaparecer caso não seja praticado de um modo constante e intenso.
Uma das suas características fundamentais, provavelmente a mais determinante que o distingue de qualquer outro tipo de regime político, traduz-se no facto de só este garantir ao cidadão uma diversidade de alternativas, podendo este participar, tanto na elaboração, como na escolha das diferentes opções, sendo que todos os temas devem forçosamente ser postos a discussão e ser sujeitos a uma escolha plural, sem que à partida as resoluções sejam apresentadas como uma fatalidade pelos respectivos responsáveis.
Numa época em que se fala de um modo cada vez mais veemente da morte das ideologias e em que o debate político se faz ao nível do supérfluo e não das questões essenciais, numa conjuntura de globalização e de mundialização nas mais diversas áreas, em que o crescimento do poder económico é incontrolável e devastador, com naturais consequências para a soberania dos Estados e onde os políticos tendem a apresentar soluções como factos consumados e inevitáveis, as democracias atravessam uma das suas mais graves crises.
Partindo do princípio de que nenhum ser humano é dono da verdade, é contraditório com o conceito de democracia, no seu sentido mais profundo, a apresentação, não isenta de arrogância, por parte dos responsáveis pelo poder, de pseudo soluções tidas como inevitáveis, revestidas de uma suposta fatalidade, tal como nos dias de hoje se verifica nas mais diversas áreas, nomeadamente em relação à economia, às finanças públicas e às funções sociais do Estado, tais como a saúde, a educação e a segurança social.
É imperioso lembrar que apaziguamento ideológico não implica necessariamente um uniformizar de opiniões nem de soluções, sendo que o próprio pragmatismo pode ser rico em alternativas de acção, não implicando, por isso, uma única solução ou alternativa para a resolução de determinada questão.
Tal como também é contraditório que, em matérias do foro transnacional, como o é a questão da Constituição Europeia, se afastem os cidadãos da discussão da mesma, querendo impô-la, sem debate nem referendo, como que uma inevitabilidade, aos diferentes povos da Europa, quando alguns deles já a rejeitaram inequivocamente, afastando-se assim a construção europeia dos povos europeus, que supostamente deveriam ser a finalidade última da mesma.
Além do mais, este fenómeno de empobrecimento democrático manifesta-se quando os próprios partidos políticos que se alternam no poder não mostram a vontade nem a capacidade para apresentar soluções alternativas ou para resolver os problemas de fundo, sendo que o seu modo de governar praticamente não difere do seu antecessor, criando no eleitorado um sentimento de impotência e de indiferença em relação às questões políticas e aos políticos, provocando um afastamento entre eleitores e eleitos que faz perigar o próprio regime.
Actualmente, o único fim dos partidos políticos é o de obter votos para ganhar as eleições, nem que para isso abdiquem da sua identidade, das suas ideias e opiniões, apostando em discursos supostamente consensuais para poder alargar a sua base eleitoral ao maior número possível de eleitores, em detrimento do enriquecimento do debate e da pluralidade de ideias.
Uma organização internacional como a União Europeia é também responsável pela imposição de políticas públicas estruturantes que em tudo contribuem para soluções tidas e explicadas como inevitáveis pelos responsáveis políticos dos respectivos estados-membros, sendo que não são raras as vezes que estes últimos apresentam a primeira como responsável pelas suas decisões.
A própria comunicação social contribui para este estado de coisas, dando aos políticos e aos diversos governos um suporte mediático e até académico para as suas supostas soluções consensuais, fatais e inevitáveis.
Verifica-se uma tendência de agravamento do actual estado de coisas, com as projectadas reformas do sistema eleitoral e consequente criação de círculos uninominais, que ao invés de aproximar eleitores de eleitos irão empobrecer ainda mais o debate de ideias e a construção de alternativas credíveis de governação, limitando o número de partidos com acesso ao parlamento, que ficará assim reduzido aos dois principais partidos que já se mostraram idênticos em todos os prismas e vertentes.
Poderão ser entendidas por democracias de sentido único aquelas cujas características e tendências coincidam com o que atrás foi descrito, o que é algo que se verifica não só em Portugal, como em toda a Europa.
É, por isso, neste momento natural que os cidadãos procurem alternativas de poder noutros partidos que não os do centro político tradicional, tendendo a votar em partidos contra o próprio sistema democrático e plural, tanto à extrema-esquerda, como à extrema-direita.
Nem uma, nem outra, podem ou devem ser a solução.
Que fique a advertência aos responsáveis de que se o actual estado de coisas se mantiver e aprofundar, os regimes democráticos estão em perigo, sendo urgente uma mudança de atitude para que os totalitarismos vividos no passado não se assumam de novo como indesejados protagonistas, nem como solução, aos olhos de um eleitorado com falta de escolhas, de alternativas e de soluções.