Afirma Obama que a Rússia não está interessada num conflito
militar com os Estados Unidos.
Urge recordar que um
suposto conflito militar directo, entre a Rússia e os Estados Unidos duraria
meia-hora, e poucos seres humanos ficariam vivos para contar como foi, pois iriamos
todos pelos ares, em sentido literal.
Assim sendo, só
resta saber quem tem mais a perder, ou quem não tem assim tanto a ganhar, caso
a situação geopolítica da Ucrânia mude.
Com o objectivo da
Ucrânia gravitar na órbitra o Reich dos mil anos, a Alemanha, com a ajuda da
extrema-direita local, promoveu conflitos e tumultos que levaram à queda do
Presidente Yanukovich, e à instalação de um governo ilegítimo em Kiev,
integrado por elementos radicais dessa mesma extrema-direita.
Em suma, valeu
tudo. Tendo sido as vistas alemãs demasiado curtas para medir o alcance da
gravidade do que tinham acabado de fazer.
Não só porque desequilibrava
um Estado multiétnico, como é a Ucrânia, como era uma situação que colocava a
Rússia com demasiado a perder, no xadrez europeu.
Pior: uma
organização supostamente defensora da Democracia e da tolerância estava a
apoiar a tomada do poder, num Estado terceiro, por forças radicais de
extrema-direita e de cariz fascista.
Quanto à Rússia, ficaria
sem a base da sua Frota do Mar Negro, seu único ponto de entrada para o
Mediterrâneo e para países como a Síria, Líbano, Israel e até Egipto, sendo a
situação política, neste último, também longe de ser estável.
Também recuaria a
fronteira da esfera de influência russa, para os limites do Cáucaso, colocando-a
fora do continente europeu, para sempre, dado que os países da antiga europa de
Leste e até algumas antigas repúblicas soviéticas já se tornaram, entretanto,
membros da NATO e da União Europeia.
Um preço demasiado
alto para Putin ficar de braços cruzados. Daí estar disposto a arriscar uma
guerra e a pagar o seu preço, sempre inferior a uma suposta perca de influência
na placa euroasiática e de uma expulsão, de facto, da Rússia do leste da Europa.
Tem-no feito.
Ao invés, com uma
viragem na Ucrânia, os Estados Unidos e a Alemanha teriam muito a ganhar, pois
colocariam a Rússia fora das fronteiras da Europa e retiravam-lhe capacidade de
intervenção, no Médio Oriente, condenando-a a ser uma potência secundária, com
uma acção de influência e intervenção limitada à remota Ásia Central, para
sempre. Algo de inadmissível, para Putin.
Mas será que estes
ganhos compensariam o preço a pagar, numa suposta guerra com os russos?
Talvez não. Daí a
solução militar estar, por agora, fora de questão, pela parte do Ocidente.
Devido às
características étnicas da população do Sul e do Leste da Ucrânia, nomeadamente
as suas ligações á Rússia, a guerra civil no país tornou-se uma consequência
natural, e de difícil resolução, dos disparates e dos sonhos megalómanos alemães.
Só mesmo uma
intervenção militar russa, a larga escala, mas de consequências imprevisíveis,
o fará.
A caixa de Pandora está aberta!