Uma vez, alguém disse que existem várias formas do Estado se organizar. Pode ser uma Democracia, uma Ditadura; pode ser Socialista, Capitalista, etc... mas esqueceu-se da palavra que define a organização e a estrutura de certos estados: cleptocracia.
Quando o Estado angolano quase
vai à falência e precisa de ajuda do FMI (2016) fica muito difícil dizer que é
a saúde, a educação e as pensões de reforma que levam o dinheiro todo, sob pena
de um descaramento primário.
Então, preferiram dizer que a
"culpa" foi da baixa do preço do petróleo (a partir de 2014) e
posteriormente, da corrupção.
Ninguém abandona o poder de livre
vontade. Ponto.
Principalmente se for um
autocrata, eleito de forma muito duvidosa e com uma clientela oligárquica cuja
sobrevivência depende da continuidade de certo indivíduo na presidência.
Mas devido à gravidade da crise
económica e financeira de 2016, Zedu deixou de ter condições políticas para se
manter no poder, sendo este o verdadeiro e único motivo para a sua saída, pois
a teoria do "estou velho, cansado e doente" não passa de um mito.
É que com a sua saída do poder,
essa elite clientelar e cleptocrática que dele dependia, também se viu forçada
a abandonar as estruturas desse mesmo poder; sendo substituída por uma outra elite
com as mesmas características, sedenta de revanchismo e como é evidente, também
ansiosa de pôr as mãos nos já depauperados recursos ao Estado angolano.
Em 2017 assistimos à mudança na
presidência e à mudança dos protagonistas, mas sem que o regime de cleptocracia
terminasse.
Não obstante, o sentimento de
vingança e a necessidade de encontrar "culpados" pela crise económica
de 2016, a fim de perpetuar o MPLA no poder, levou a atual elite angolana a dar
caça a tudo o que "cheire" a Zedu.
Como é evidente, só com uma
ingenuidade de bradar aos céus é possível acreditar que quem começa a vida
vendendo ovos é capaz de construir um império empresarial somente com o seu
mérito.
Ao darem entrevistas na
televisão, só mostraram uma arrogância reveladora do quanto são culpadas pela
depredação dos recursos que deveriam ser de todos os angolanos.
E ainda falta sabermos das
relações perigosas entre essa mesma pessoa e as elites políticas e económicas
portuguesas, algo que dificilmente verá a luz do dia, sob pena de explosão.
Na economia portuguesa, nos
próximos meses, é de temer que tenhamos mais um banco para resgatar, fruto
dessas mesmas relações perigosas entre os cleptocratas "d'aquém e d'além
mar".
Atendendo a cobardia e à
docilidade com que as autoridades portuguesas tratam dos assuntos angolanos,
será um assunto pacífico: pagaremos e não bufaremos, com a comunicação social,
alguma dela controlada por angolanos, a calar devidamente o assunto.
O problema é que, tanto em
Portugal, como principalmente em Angola, os únicos que são realmente inocentes
no meio disto tudo, são os que sofrem as conseqüências destes jogos de poder
entre duas pseudo-elites que vivem do saque e não do tal mérito que tanto
apregoam ter.