quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Acerca da atual Direita


Rio só ainda é líder do PSD por exclusão de partes; por os montenegros e os rangéis deste mundo saberem que seria um suicídio político liderar um partido que perderá todas as eleições até 2023, com possibilidade de ir além disso, dependendo do crescimento do Chega e da IL, nomeadamente nas áreas urbanas (no sistema de caciquismos das zonas rurais o PSD ainda tem – e terá – capacidade para dominar nos próximos anos).


Para o bem e para o mal, talvez o devir histórico esteja a começar a ser implacável com o PSD, da mesma forma como, há muito, é com o CDS; o problema é que, olhando para as alternativas à Direita, isso não é necessariamente uma boa notícia.

Privatizar o pouco que resta do setor empresarial do Estado, desregular ainda mais as relações laborais, facilitando os despedimentos e baixando salários, desmantelar a Segurança Social, a Educação e a Saúde públicas, ou aumentar os impostos sobre os rendimentos mais baixos, para os baixar aos rendimentos mais altos, são denominadores comuns a todos os partidos da Direita.

A este extremismo neoliberal, partidos como o Chega querem acrescentar uma agenda de retrocesso social e até político, como são as ideias de voltar a penalizar o aborto, de suprimir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, da introdução de castigos corporais para determinados crimes, da adoção do presidencialismo ou da perseguição de grupos étnicos específicos.

Por tudo isto, seria desastroso para o país e para as pessoas se a atual Direita portuguesa regressasse ao poder, pois está mais radical, mais extremista, menos tolerante e menos democrática.

Cabe aos partidos de Esquerda evitar que isso aconteça, adotando políticas que os distingam verdadeiramente do extremismo neoliberal e sociopata de PSD, IL e Chega.

Podemos começar pela revisão das leis laborais, herdadas dos tempos de Passos Coelho, Paulo Portas e Vítor Gaspar.

Mas também se exige uma retoma do investimento na Saúde pública, na Educação (a começar pelos recursos humanos, sujeitos a leis laborais que fomentam a sua precariedade) e no reforço da Segurança Social para que a mesma se torne verdadeiramente inclusiva e ninguém fique para trás.

Lembrem-se: os que ficam para trás, são os mesmos que mais facilmente caem no canto da sereia fascista.

Estará a Esquerda à altura deste desafio?

Veremos já no próximo Orçamento de Estado.